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Seguro para investimentos

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03 de November de 2020

Dólar, ouro e outros ‘seguros’ para seu dinheiro durante crises como a pandemia

COLABORAÇÃO PARA O UOL, EM SÃO PAULO

Matéria publicada originalmente no Portal UOL

Momentos de pânico no mercado financeiro, como os causados pela crise do coronavírus, realçam a necessidade de proteger seus investimentos contra catástrofes.

Aplicações como dólar e ouro e estratégias que garantem um preço mínimo para as ações funcionam como uma espécie de seguro para investimentos.

Uma pitada deles em sua carteira vai significar menos estresse quando a próxima crise internacional estourar. Nos momentos de alta do mercado, porém, esses ativos de proteção vão, muitas vezes, limitar os seus ganhos. O segredo é saber dosar.

“O investidor deve primeiro pensar de qual risco quer proteger sua carteira. Depois, pensar em quais instrumentos ou ativos combinam melhor com sua carteira atual, conforme o risco do qual pretende se proteger. E, por fim, checar o custo das alternativas.”

Marcos De Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimento

Dólar vira refúgio nas crises

Ao prever que o tempo vai fechar no mercado, os investidores vendem investimentos de risco, no, caso das ações, em especial de mercados emergentes. Na hora, migram para investimentos de segurança, sendo o principal deles os títulos do Tesouro americano.

Isso produz enxugamento de dólares em mercados internacionais. Isso valoriza o dólar frente à maioria das moedas do mundo, podendo ser maior ou menor a depender dos problemas domésticos de cada país.

No Brasil, onde as crises internacionais são potencializadas por crises políticas e fiscais, o dólar é um dos ativos mais indicados para o investidor que quer se blindar dessas encrencas.

Desde o começo do ano, o dólar já saiu de R$ 4 para bater em quase R$ 6. Quando o choque da pandemia derrubou o Ibovespa, principal índice da Bolsa, em 47% em apenas dois meses, a moeda americana teve valorização de 23%.

Quem tinha dólares na carteira (não necessariamente verdinhas no bolso, mas também investimentos em fundos cambiais ou em ativos dolarizados) conseguiu aliviar o impacto da crise do coronavírus em seu auge.

Veja vantagens e desvantagens do dólar:
Vantagens:

Diversidade de produtos, que vai do fundo cambial puro a fundos que investem em ações ou títulos em dólar
Moeda com poder de compra no mundo todo
Diversificação de risco de moeda
Alta liquidez internacional
Desvantagens:

Cobrança de Imposto de Renda sobre ganho de capital na variação do câmbio
Muita variação
Com juros internacionais perto de zero, não há garantia de ganhos reais em moeda forte

“Choques fortes como o da covid-19 quase nunca são esperados até que aconteçam. No período mais agudo de medo, tudo tende a cair. Por sermos um país emergente de moeda fraca, o real sempre acaba perdendo bastante. O melhor nesses momentos é ter dinheiro em caixa e, principalmente, dólar por meio de fundos cambiais.”

Victor Savioli, analista financeiro

“A crise do coronavírus afetou diversos países de formas diferentes. A China saiu fortalecida. O Brasil sairá pior. Em países emergentes como o nosso, a diversificação internacional funcionou muito como instrumento de proteção. Ter um pedaço dos investimentos em ativos dolarizados ajudou muito o retorno total da carteira.”

Marcos De Callis, estrategista da Hieron

Ouro é concorrente do dólar como seguro
O ouro concorre com os títulos do Tesouro americano. como refúgio dos investidores durante crises. A atratividade do ouro aumenta quando se compara com títulos públicos que têm menos riscos, como os dos EUA. Com menos riscos, eles também pagam menos juros.

Como normalmente a reação dos bancos centrais contra as recessões é cortar juros, a vantagem do ouro fica ainda maior.

A principal ressalva em relação ao ouro é a de que ele, diferentemente dos títulos públicos, não paga juros. Entrega apenas a valorização do metal.

Em momentos de pânico, a desvalorização dos ativos é, muitas vezes, generalizada, podendo atingir também o ouro. Mas, mesmo nessas situações, o metal costuma mostrar desempenho melhor do que a média.

Não é preciso necessariamente ter um cofre para guardar barras de ouro, já que contratos negociados em Bolsa permitem adquirir gramas do metal.

Também é possível realizar esse investimento por meio de fundos que investem em ouro, sendo que o investidor deve observar, neste caso, se o fundo busca espelhar a variação do ouro em dólares ou em reais.

Se a cotação do metal é convertida para reais, capturam-se as variações de dois ativos que se dão bem em crises: o dólar e o ouro.

Veja vantagens e desvantagens do ouro:
Vantagens:

Reserva de valor mundialmente reconhecida
Preço do ouro em reais captura variação tanto do metal quanto do dólar, dois ativos que costumam ter valorização na turbulência
Investimento indicado em ciclos de juros baixos ou negativos nas economias desenvolvidas
Proteção de longo prazo da carteira contra inflação
Desvantagens:

Custo de custódia
Não indicado a investidor que busca renda, pois não paga juros, nem dividendos
Ciclos são longos. Ou seja, pode demorar muito para subir
O ouro é um ativo escasso. Todo o ouro já minerado no mundo enche apenas duas piscinas olímpicas, e por conta disso tende a ser uma proteção.

Matheus Ribeiro, sócio da CMS Invest

“Seguro” para garantir preço da ação
No mercado de opções, o investidor encontra um instrumento que assegura a ele um preço mínimo de venda às ações que têm em carteira. Trata-se das “puts”, como são conhecidas, pelo nome em inglês, as opções de venda.

Nada mais são do que um contrato que dá ao seu titular o direito de vender determinada ação por um preço estabelecido, o chamado “strike”, numa data de vencimento futura. Então, na pior das hipóteses, o preço previsto na “put” está garantido.

Se na data de vencimento a ação estiver sendo negociada acima do “strike”, o investidor vende o ativo pelo valor de mercado, tendo o ganho da operação descontado pelo preço pago por um contrato de opção que não foi exercido.

No meio do caminho entre a compra e o vencimento do contrato, existe sempre a possibilidade de vender antecipadamente as “puts”, que estarão valendo menos se a ação estiver em alta ou valendo mais se estiver em queda.

É considerado um bom instrumento de proteção de capital, mas, segundo especialistas, oferece segurança a preço alto, o que torna inviável o uso permanente do instrumento.

Opções de venda (puts)
Vantagens:

Proteção em momentos de queda acentuada
Não limita a potencial valorização do ativo protegido
Desvantagens:

Custo alto
Nem sempre é possível encontrar “puts” a todos ativos financeiros
As opções de venda são a alternativa recomendada para a maioria dos clientes, pois, apesar do custo, preservam os possíveis ganhos em caso de alta do ativo a ser protegido.

Mauro Morelli, sócio da Davos Financial Partnership

Vender ações alugadas pode proteger, mas é complexo
Uma estratégia usada na especulação na Bolsa pode servir também para proteção dos investimentos, quando feita corretamente.

O “short”, como é conhecido esse tipo de operação, consiste em vender ações alugadas de um terceiro para recomprá-las posteriormente. Se o preço da ação cai, recompra-se mais barato e, logo, há lucro. Se o preço sobe, o resultado é o oposto: prejuízo.

Ganhos obtidos em operação “short” ajudam a cobrir parte do prejuízo da carteira principal das ações do investidor. Mas é uma estratégia complexa, que exige conhecimento e experiência.

É preciso saber combinar bem o short com as ações a serem protegidas (ambos precisam ter movimentos espelhados), e sem errar na dosagem, dado que na mesma medida em que neutraliza perdas, a estratégia neutraliza os ganhos.

Veja vantagens e desvantagens do short:
Vantagens:

Custo relativamente baixo do aluguel das ações
Boa quantidade de alternativas
Desvantagens:

É preciso depositar garantias para realizar a operação
Necessidade de alto conhecimento técnico para fazer short
Risco de descasamento entre ativo e “hedge”

Quando fazer um “seguro” de investimentos?
Instrumentos de proteção de seus investimentos (ou, simplesmente, “hedge”) podem provocar sentimentos diferentes nos investidores. Quando o mercado está desmoronando, a sensação é de alívio, de que a tragédia seria ainda pior se não fizessem parte da carteira.

Mas, quando tudo está bem, você pode pensar que estaria ganhando mais sem eles.

Só que é justamente na bonança que o investidor encontra o melhor momento para adicionar itens como dólar ou ouro a seu portfólio.

Analistas dizem que comprar guarda-chuva é mais barato em dias de sol. Não espere a tempestade chegar.

“É recomendado montar posições de hedge com o mercado em alta. Em cenários de alta, normalmente a parte de hedge pode perder dinheiro, mas, nesses momentos, costuma ser muito barato fazer essas posições.”

Matheus Ribeiro, sócio da CMS Invest

“É possível reduzir posições de hedge em momentos de cenário macroeconômico mais favoráveis, mas nunca zerar. No momento atual, o recomendável é estar com proteções em dia.”

Victor Savioli, analista financeiro

“O hedge deve fazer parte do portfólio do investidor em todos os períodos. Comparando com o seguro de automóveis, ele deve ser feito de maneira recorrente, e não apenas quando o motorista vai utilizar mais o veículo.”

Mauro Morelli, sócio da Davos Financial Partnership

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