Nova regra da CVM vai facilitar aplicação em papéis de gigantes no exterior, como Amazon, Disney, Apple e Facebook - Davos

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Nova regra da CVM vai facilitar aplicação em papéis de gigantes no exterior, como Amazon, Disney, Apple e Facebook

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14 de September de 2020

Pequenos investidores poderão ter acesso a empresas estrangeiras por meio de certificados de depósito, os BRDs

Matéria publicada originalmente no Portal O Globo

Patricia Valle – O Globo

RIO — Aplicar em ações de grandes empresas globais, algo já cotidiano para os donos de carteiras mais polpudas, está cada vez mais acessível aos investidores comuns.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais brasileiro, liberou, no último dia 1º, o acesso a empresas estrangeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 — algo antes disponível somente para os chamados investidores qualificados, com pelo menos R$ 1 milhão de patrimônio.

O investimento é feito por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), certificados de depósito de valores mobiliários negociados na B3 com lastro em ações estrangeiras.

Existem os BDRs patrocinados, em que a empresa emite os certificados, acessíveis para todos os investidores. Mas há poucos listados. Há também os BDRs não patrocinados, cuja emissão não tem envolvimento da companhia estrangeira.

Esse último segmento tem o maior número de listagens e conta com empresas muito cobiçadas, como as gigantes tecnológicas Amazon, Apple, Netflix e Facebook, além de marcas globais como Disney e Nike.

E, agora, esses papéis poderão ser negociados por todos os investidores. Faltam apenas alguns trâmites para que fiquem disponíveis na Bolsa. Segundo a B3, esse processo deve ser concluído nos próximos dois meses.

Há riscos no radar

As novas normas também passam a permitir que empresas brasileiras listadas no exterior, como Stone, PagSeguro e XP, emitam BDRs. Também abrem caminho para a emissão de fundos de índices por meio desse instrumento.

— Temos visto uma grande procura por informações sobre BDRs. O investidor tem muito interesse em estar exposto a empresas internacionais, e acreditamos que, a partir de agora, esse mercado vai se desenvolver muito — diz Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora.

Na visão dos especialistas, o investimento em papéis internacionais é importante para quem quer diversificar e pode aplicar no longo prazo. Eles ressaltam, porém, que há riscos no mercado de ações, e o percentual da carteira deve respeitar o perfil do investidor — conservador, moderado ou agressivo.

— O Brasil é muito pequeno do ponto de vista internacional. E é importante diversificar, não faz sentido deixar todos os ovos na mesma cesta — diz Mauro Morelli, socio da Davos Financial Partnership.

Esse investimento é mais uma opção para quem quer se expor ao mercado estrangeiro, o que também pode ser feito por meio de fundos globais ou Certificados de Operações Estruturadas (COEs).

Essa é mais uma opção para a quem quer investir no exterior. A diferença é que, com o BDR, é possível escolher diretamente a empresa, ficando atrelado ao câmbio.

— Se o investidor não acompanhar o mercado, o risco é maior que o de ter uma gestão profissional. Em fundos de ações globais, pode-se escolher os que têm ou não hedge (proteção) cambial — explica Morelli.

Já para quem deseja ter empresas específicas no seu portfólio, o caminho é esse, assim como o investimento direto lá fora, que vem se popularizando por meio de corretoras especializadas.

— As pessoas querem comprar Facebook, Amazon, Netflix e essas grandes empresas tecnológicas. São companhias conhecidas do público, que fazem parte do dia a dia, mais fácil do que acompanhar Petrobras ou Vale. O interesse só cresce com o tempo, e tende a crescer mais agora — afirma Roberto Lee, presidente da Avenue, corretora americana que simplifica o investimento nos EUA.

A vantagem do BDR é dar acesso a essas empresas em um processo semelhante ao do investimento em ações. A desvantagem é que o emissor do certificado fica com uma parte do rendimento para custear a operação. Para investir diretamente numa empresa lá fora, é preciso abrir uma conta no exterior, e pode haver o custo cambial. Em compensação, há o acesso ao total dos rendimentos das ações.

No entanto, nas duas últimas semanas, os papéis das empresas de tecnologia sofreram grandes quedas nas Bolsas americanas, com os investidores globais revisando os preços das ações, que saltaram durante a pandemia, refletindo o aumento na demanda por serviços digitais, como e-commerce e videoconferências.

Diversificar é a chave

Ainda que tenha havido uma leve recuperação, há quem avalie que esses papéis ainda estão sobrevalorizados. Mas outros defendem que isso reflete uma mudança no cenário econômico.

— Hoje, Facebook, Amazon, Netflix e Google equivalem a um quarto do índice S&P 500 (da Bolsa de Nova York) e ao PIB da América Latina. Tem gente que acha demais, mas eu acho que faz sentido pelo lucro que elas têm e suas perspectivas de crescimento. A economia parece ir para essa direção, ao ponto de que, no futuro, nem exista mais o “setor de tecnologia” — afirma Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP.

Esse é outro grande motivo que leva especialistas a recomendarem essas ações. Mas há riscos. No momento, o dólar está valorizado, então a tendência seria de queda, e as eleições americanas, no início de novembro, são mais um fator de turbulência. Para os especialistas, diversificar reduz esses riscos.

— Não tem isso de bom momento para investir no exterior, é para ser um movimento de longo prazo, e diversificar os riscos do Brasil. Se houver problema lá fora, a Bolsa aqui também vai sentir. E sempre tem oportunidades, é preciso buscar boas teses — diz Indech, da Clear.

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