Silivia Lakatos – Portal Segs
Katia Alecrim, Mauro Morelli e Thiago Nunes apontam Reforma da Previdência como “essencial para conquistar a confiança do investidor internacional”
Em 2017, o investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina e Caribe caiu pelo terceiro ano consecutivo, com fluxo total de US$ 161,673 bilhões em 2017, um recuo de 3,6% em relação ao ano anterior. No Brasil, a queda foi maior (-9,7%), com investimentos de US$ 70,685 bilhões (US$ 7,5 bilhões a menos do que em 2016). Os dados constam em Relatório divulgado em julho deste ano pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), organismo vinculado às Nações Unidas.
O IED costuma variar de acordo com as perspectivas de surgimento de novos negócios. E o Brasil de 2017 era um dos países mais endividados da região, com uma cifra de endividamento acima de 60% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A Cepal considera que uma dívida acima dos 40% do PIB seja “insustentável”. Havia, portanto, motivos de sobra para estarmos perdendo investimentos, em vez de atraí-los.
Em julho de 2018, esse cenário começou a mudar. Apesar da turbulência política, o Brasil subiu do sétimo para o quarto lugar no ranking de principais destinos de IED no mundo, segundo dados divulgados pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Um dos motivos para essa alavancagem foi a forte presença de capital estrangeiro na aquisição de empresas: nove em cada dez aquisições de grande porte realizadas por empresas estrangeiras na América Latina no ano passado ocorreram no Brasil. Os principais compradores foram chineses; e as aquisições predominaram nos setores elétrico, petrolífero, de infraestrutura e agronegócio.
Já o investimento de carteira estrangeiro (FPI), representado principalmente pela compra de ações ou títulos, envolve volumes menores de investimentos do que o IED e costuma estar atrelado a uma expectativa de retorno mais rápido. Mas é igualmente afetado pela conjuntura política. Até 23 de outubro de 2018, o fluxo de investimentos estrangeiros para portfólios brasileiros somava US$ 1,3 bilhão, dos quais US$ 1,144 destinavam-se a carteiras de investimentos e apenas US$ 140 miravam a renda fixa (dados do Banco Central).
Em agosto e setembro, meses que antecederam ao primeiro turno das eleições, o resultado era ainda pior, com um saldo negativo de US$ 11,122 bilhões. Ou seja, em vez de atrair recursos internacionais, o Brasil é que estava perdendo investimentos para outros países.
A vitória de um projeto mais liberal na Economia tranquilizou o Mercado e tende a favorecer a retomada de todos os tipos de investimentos em 2019.
No entanto, a melhoria da nossa posição em ativos de renda fixa dependerá de medidas macroeconômicas estruturais, dentre as quais a Reforma da Previdência desponta como a mais importante. É fundamental, portanto, que o novo Governo aproveite sua força nos meses iniciais para aprovar as reformas necessárias.
A economia norte-americana, pujante depois da redução de impostos leva a cabo pelo Governo Trump, tende a desacelerar em 2019, em razão dos ajustes naturais do mercado, que volta aos patamares de normalidade sempre que uma onda de euforia se esgota. As chances de que o Brasil seja “a bola da vez”, atraindo parte desses investimentos, são reais – e devem ser aproveitadas.
Sobre a Davos Wealth Management
Especializada no desafio de investir portfólios superiores a R$ 3 milhões, a Davos Wealth Management é uma assessoria dedicada a aplicar a inteligência de mercado e a análise das tendências econômicas no delineamento de soluções ideais para o perfil, a experiência financeira e o momento de vida de cada um de seus clientes. Conta atualmente com um time de 11 sócios, sendo três principais: Katia Alecrim, Mauro Morelli e Thiago Nunes.