Por Diego Lazzaris Borges – Infomoney
Enquanto o varejo tem R$ 619 bilhões aplicados na poupança, clientes do private possuem apenas R$ 1,87 bilhão; a explicação está no conhecimento e no acesso a produtos melhores
SÃO PAULO – Os investidores segmentados pelos bancos na categoria varejo têm R$ 619 bilhões aplicados na caderneta de poupança, o que representa 64% do total de 958 bilhões que esses clientes possuem em investimentos, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Já os clientes do private banking – que possuem mais de R$ 3 milhões em aplicações financeiras – possuem apenas R$ 1,87 bilhão investidos na caderneta, o que equivale a apenas 0,19% do saldo total das suas aplicações, que somam R$ 966,2 bilhões.
Fazendo uma conta simples, o saldo aplicado na poupança pelo investidor de varejo é 331 vezes maior do que o saldo do private. E a explicação para essa diferença enorme é fácil: o cliente que tem milhões na conta tem acesso a produtos melhores, além de contar com assessoria especializada dentro dos grandes bancos, o que lhes garante mais informações e conhecimento sobre as melhores opções disponíveis no mercado.
Enquanto isso, um cliente de varejo normalmente recebe muito pouca atenção do seu gerente no banco. Sem boas opções disponíveis na prateleira dos bancos e com pouco conhecimento, resta ao pequeno investidor deixar suas economias na aplicação mais conhecida e popular entre os brasileiros.
Poupança perdeu clientes em janeiro
Em janeiro, no entanto, a caderneta de poupança perdeu bastante dinheiro. A captação líquida (diferença entre depósitos e saques) do primeiro mês do ano ficou negativa de R$ 11,232 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.
Apesar de janeiro ser um mês em que as pessoas normalmente usam suas economias para pagar despesas extraordinárias, como impostos e compras feitas no final do ano, um dado chama atenção: no mesmo mês, os fundos de investimentos registraram captação líquida de R$ 10,3 bilhões.
Então por mais que boa parte do dinheiro da caderneta tenha sido utilizado para o pagamento de despesas extraordinárias e de outras dívidas, uma parte pode estar começando a migrar para aplicações mais rentáveis.
Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Wealth Management, escritório de investimentos focado em clientes do segmento private, a popularização das plataformas abertas de investimento tende a diminuir a concentração do dinheiro na poupança “A partir do momento que o público tiver mais acesso a produtos mais interessante e rentáveis, a tendência é que a poupança tenha uma participação cada vez menor nos investimentos”, opina.
Os bancos costumam justificar que o dinheiro que está na poupança é apenas residual e o valor aplicado por cliente é muito baixo. Mas não é bem assim. Segundo a própria Anbima, existiam no final do ano passado 70,595 milhões de contas de investidores do varejo abertas no país. Se dividirmos o saldo total aplicado na poupança por estes investidores, chegamos a um valor médio de R$ 8.857 por pessoa aplicado na caderneta.
Esta mesma quantia poderia ser investido em fundos DI disponíveis nas plataformas abertas de corretoras de valores, que cobram taxas de administração inferiores a 0,5% ao ano e que rendem mais do que a caderneta.
Outra opção mais vantajosa são os títulos do Tesouro Direto. O investidor que quer segurança e busca aplicações que permitam saques a qualquer momento sem risco de perdas tem à disposição o Tesouro Selic. Ele não tem oscilação de preço, por isso é ideal para quem está acostumado com a poupança.