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Guerra comercial: recuo de Trump em relação à China pode ser positivo para o Brasil

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09 de September de 2019

Desde janeiro de 2018, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas comerciais sobre produtos industrializados chineses com alto valor agregado – inicialmente, painéis solares e máquinas de lavar –, teve início o que se convencionou chamar de “guerra comercial entre EUA e China”, nada menos que as duas maiores economias do planeta.

“A partir de então, o mundo passou a observar, não sem certo sobressalto, a movimentação das peças sobre esse  tabuleiro. O passo seguinte foi dado em março de 2018, quando Trump anunciou tarifas de 25% sobre a importação de aço e de 10% de importação de alumínio. Naquele momento, a taxação das duas commodities atingiram não somente os exportadores chineses, mas todos os países que os comercializavam no mercado norte-americano, incluindo o Brasil” relata Mauro Morelli, Estrategista da Davos Financial Partnership.

Criticadas pela Organização Mundial do Comércio, as medidas protecionistas de Trump destinam-se, segundo ele, a “proteger” a economia americana. Em especial a indústria, em função de uma possível “concorrência desleal” empreendida por países emergentes e outros players do mercado internacional, que “vendem muito” para os Estados Unidos, mas não oferecem uma contrapartida na forma de importações.

Ao longo dos meses, a “guerra comercial” espalhou seus tentáculos. “A União Europeia, prejudicada pela taxação do aço, anunciou a disposição de restringir as importações de manufaturados americanos, como motocicletas e jeans de grife. A reação norte-americana foi imediata, com a ameaça de taxar também os carros europeus vendidos nos Estados Unidos”, recorda o estrategista da Davos Wealth Management.

Relatório Special 301

Mas o foco de Trump era efetivamente a China. O relatório Special 301, elaborado anualmente por pesquisadores norte-americanos e que se propõe a avaliar a situação da pirataria intelectual fora dos Estados Unidos, a China foi mantida no topo da lista de “vigilância prioritária” pelo 14º ano consecutivo. O presidente americano anunciou, então, a intenção de reduzir vistos para cientistas e pesquisadores chineses que eventualmente trabalham e/ou estudam nos EUA.

“Em 16 de setembro, novo movimento dos Estados Unidos tentou colocar o país asiático em xeque, com o anúncio de um aumento de 10% para 25% das sobretaxas alfandegárias incidentes sobre US$ 200 bilhões em importações chinesas”, recorda Morelli. “Mas o Ministério de Comércio de China respondeu prontamente. E impoôs sobretaxas que variariam de 5% a 10% sobre 4 mil tipos de produtos americanos importados pelos chineses. No total, essas taxas impactariam uma movimentação de cerca de US$ 60 bilhões anuais”, informa o especialista.

As tensões só foram atenuadas em dezembro, quando, durante a reunião do G20, em Davos, Trump e o presidente da China, Xi Jinping, concordaram em dar uma trégua à guerra comercial. Fixaram como data-limite desse “armistício” o dia 1º de março de 2019.

Trump no Twitter

Entretanto, no último domingo de fevereiro, dia 24, Trump anunciou, via Twitter, “progresso substancial das negociações comerciais com a China sobre questões estruturais importantes, incluindo proteção de propriedade intelectual, transferência de tecnologia, agricultura, serviços, câmbio e muitos outros assuntos”. E informou que, “em função dessas conversas muito produtivas”, o aumento das tarifas seria adiado para data não estabelecida.
“O Brasil precisa reaquecer a economia para recuperar produção, emprego e renda”, constata Morelli. “Um bom ambiente comercial global é prioritário neste momento, sobretudo com parceiros tão poderosos”, ele conclui.

 

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