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Davos comenta Davos

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24 de January de 2019

Diário Indústria & Comércio

Apenas três líderes do G7 (grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo) estão presentes no Fórum Econômico Mundial (FEM), que ocorre em Davos, Suíça, de 22 a 24 de janeiro. São eles: o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe; a chanceler alemã, Angela Merkel; e o premiê italiano, Giuseppe Conte.

Embora o evento deva reunir cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países, as discussões sobre cooperação econômica deste ano são afetadas por ausências importantes. A mais comentada é a de Donald Trump: no início do mês, o presidente norte-americano usou sua conta no Twitter para explicar que cancelaria sua ida a Davos em razão do “shutdown” – suspensão de gastos não-essenciais, que foi motivada pelo impasse, no Congresso de seu país, à aprovação de orçamento suplementar. A crise que impede a ida de Trump a Davos é de natureza política: ele quer que seja liberada a verba para a construção do muro na fronteira com o México, uma de suas principais promessas de campanha, mas a bancada democrata do Congresso recusa-se a aprovar a medida. Como o “orçamento do muro” está vinculado a outras verbas, a falta de consenso entre Executivo e Legislativo levou à paralisia do serviço público federal.

Além de Trump, também estão ausentes o presidente da China, Xi Jinping; Emmanuel Macron, presidente da França – que atravessa grave crise interna motivada pelas manifestações dos “coletes amarelos”; e a primeira-ministra britânica, Theresa May, que também enfrenta crise política (neste caso, em razão do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia).

“O motivo da não ida de vários líderes para Davos foi ocasionada pelo crescente foco em problemas locais dos respectivos países”, esclarece Mauro Morelli, da Davos Wealth Management. Além das crises pontuais mencionadas, Morelli salienta que “esses problemas estão alinhados com uma maior aversão a globalização”.
“A globalização foi um dos principais motores para o crescimento dos mercados emergentes, incluindo o Brasil”, afirma Morelli.

O enfraquecimento de uma agenda global, que tem nas ausências de Davos um de seus sintomas, mas é muito bem exemplificado pelo Brexit e pelo nacionalismo de Trump, tende a reduzir não apenas o crescimento dos países emergentes. “As economias americana e europeia também podem sofrer caso se confirme a redução do comércio mundial, embora em menor escala”, esclarece Morelli. “Devemos estar atentos e buscar acordos bilaterais que nos permitam crescer apesar das tendências de recuo”, ele conclui.

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