As recentes declarações do Ministro Paulo Guedes pioram a percepção da situação - Davos

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As recentes declarações do Ministro Paulo Guedes pioram a percepção da situação

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23 de November de 2020

Mercado teve dia negativo após ministro da Economia dizer, ainda na quinta-feira, que poderia vender reservas para reduzir a dívida pública brasileira

Matéria publicada originalmente no portal Estadão. Clique aqui para acessar.

Redação, O Estado de S.Paulo
20 de novembro de 2020 | 10h59
Atualizado 20 de novembro de 2020 | 18h56

 

 

As declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que considerou a possibilidade de vender reservas para abater a dívida, pesou no mercado brasileiro nesta sexta-feira, 20, e deu nova força ao dólar, que fechou em alta de 1,35%, a R$ 5,3858. A piora da percepção do mercado sobre a situação fiscal do País também foi sentida na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que encerrou com leve queda de 0,59%, aos 106.042,48 pontos. Na semana, a B3 acumula ganho de 1,26%.

Do ponto de vista técnico, Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimento, diz ter havido uma venda forte de real, em torno de US$ 500 milhões, por um hedge fund. Ele lembra que, após a diminuição do diferencial de juros, o real tem sido usado como hedge e segue sendo usado para fazer proteção nas posições tomadas em moedas de outros emergentes. “Paralelamente a isso, a fala do ministro Paulo Guedes também não ajudou em nada. Mesmo se não houvesse esse fluxo de venda de real haveria uma piora”, diz.

Ontem à noite Guedes, afirmou que fará “o que for necessário” para reduzir a dívida e citou, entre o cardápio de medidas para atingir esse objetivo, a possibilidade de “até vender um pouco de reservas”. O barulho do mercado de câmbio levou, inclusive, o secretário especial da pasta, Waldery Rodrigues, a se explicar hoje: “A fala do ministro Guedes entrou em um contexto de uma

questão macroeconômica mais integrada e melhor desenhada. É esse o entendimento que temos”, respondeu. Ainda assim, Waldery confirmou que, caso o BC decida de fato tomar ações nessa direção, haverá um impacto positivo importante sobre a dívida bruta. Ele lembrou que isso já foi feito no ano passado.

“Foi uma derrapada no momento em que o fluxo estrangeiro vinha ajudando. Há sensação de desorientação na equipe econômica sobre o que fazer, o que resulta em balões de ensaio como este”, diz um operador. Sobre o tema, o secretário especial da pasta, Waldery Rodrigues, afirmou que quem se pronuncia sobre a gestão das reservas é o Banco Central. “A fala do ministro Guedes entrou em um contexto de uma gestão macroeconômica mais integrada e melhor desenhada. É esse o entendimento que temos”, justificou. Ainda assim, Waldery confirmou que, caso o BC decida de fato tomar ações nessa direção, haverá um impacto positivo importante sobre a dívida bruta.

Uma das leituras feitas por integrantes do mercado é a de que, no ato da venda das reservas, de fato, o real se valoriza. No entanto, no minuto seguinte, ficará mais fraco porque a situação externa do país ficará mais suscetível. “O Brasil estaria em situação muito mais crítica, também do ponto de vista da nota soberana de crédito, se não tivesse esse colchão das reservas internacionais”, diz Morelli.

No acumulado semanal, o dólar tem variação negativa em 1,64%. A moeda para dezembro encerrou com alta de 1,39%, a R$ 5,3805. No exterior, as moedas de países emergentes oscilaram de forma mista, com os principais pares do real, como os pesos mexicano e chileno e o rublo na contração. Já o índice DXY, que mede a variação da divisa dos EUA ante seis pares fortes, tinha leve alta (0,09%), aos 92.378, às 16h23.

Bolsa
Apesar do ajuste nesta última sessão, abatida por convergência negativa entre o doméstico e o exterior, o Ibovespa emendou a terceira semana de ganhos, que elevam a 12,87% a recuperação observada no mês, após o revés colhido no intervalo entre agosto e outubro. Faltando seissessões para o fechamento de novembro, o avanço supera até aqui, com certa folga, o desempenho de abril quando, vindo da queda livre de 29,90% em março, o Ibovespa subiu 10,25%. No ano, o índice cede agora 8,30%, após avanço de 1,26% nesta semana, o terceiro consecutivo, estendendo ganho de 3,76% e 7,42% nas anteriores.

Bem mais fraco do que os extraordinários volumes observados no mês – em duas ocasiões acima de R$ 50 bilhões -, o giro financeiro ficou limitado hoje a R$ 24,4 bilhões, em conformidade ao padrão da B3. Na mínima do dia, o índice caiu a 105.680,28 pontos, refletindo, assim como o dólar e os juros futuros, a piora da percepção sobre a situação fiscal do País, após a fala de Guedes.

Após um avanço de 29,24% ontem, quando foi impulsionada pela aquisição de parcela de dois campos no pré-sal, as ações da PetroRio devolveram hoje parte do ganho, ao fechar em baixa de 6,07%, na ponta negativa do Ibovespa na sessão, à frente de Gol, com baixa de 3,91% e Ecorodovias, com 3,44%. As ações da Petrobrás tiveram desempenho moderadamente negativo (PN -0,71% e ON -0,61%), enquanto Vale ON obteve ganho de 1,06% na sessão. Os bancos fecharam em baixa, com perdas que chegaram a 3,30% para Santander nesta sexta. / SIMONE CAVALCANTI, LUÍS EDUARDO LEAL, FELIPE LAURENCE E MAIARA SANTIAGO

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