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Apetite de ‘gringo’ beneficia mercado brasileiro, mas risco fiscal é crescente

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20 de November de 2020

Cesta básica: o que você precisa saber hoje para ficar bem informado

Por Weruska Goeking, Valor Investe — São Paulo – Matéria publicada originalmente no Portal Valor Investe

Fique de olho

A segunda onda da pandemia de covid-19 vem se consolidando na Europa e ganhando força nos Estados Unidos, o que pressiona ainda mais a necessidade de novos estímulos fiscais na tentativa de auxiliar a economia americana.

Ontem, o senador democrata, Chuck Schumer, afirmou que o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, concordou em retomar as negociações sobre um novo pacote de estímulos, segundo informações da CNBC.

Do lado negativo, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, recusou-se a estender vários programas de empréstimos de emergência estabelecidos em conjunto com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que acaba em 31 de dezembro. Sem esse dinheiro, a capacidade do Fed ajudar a economia americana fica menor.

Essa movimentação no xadrez internacional beneficia os mercados emergentes, como o Brasil. “Isso [o aumento de casos de covid-19] tem levado a uma discussão mais intensa sobre um segundo pacote de estímulo e faz com que a tendência de desvalorização do dólar frente às principais moedas do mundo esteja cada vez mais no cenário internacional”, explica Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos.

Morelli explica que um dólar mais fraco é uma das principais características de um cenário mais favorável para os mercados emergentes. Tanto que a bolsa brasileira já conta 11 pregões seguidos em que investidores estrangeiros colocam mais dinheiro do que tiram nas negociações de ações por aqui. O resultado é uma alta de 1,86% no Ibovespa na semana e uma desvalorização de 2,92% do dólar em relação ao real.

O quadro geral do último pregão da semana recebeu logo cedo a notícia de que a Pfizer e a BioNTech devem submeter a vacina desenvolvem para aprovação emergencial da Food and Drug Administration (FDA), agência americana que controla medicamentos, ainda hoje, segundo Alex Azar, secretário de Saúde dos Estados Unidos, em notícia da agência Dow Jones. A vacina mostrou eficácia de aproximadamente 95% em testes clínicos.

Parece tudo indo bem, mas ainda caminhamos pelo campo minado do risco fiscal no Brasil. Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o ministro da Economia Paulo Guedes “já não consegue mais contaminar o mercado com seu usual otimismo e soluções fáceis para os difíceis problemas brasileiros, os quais essencialmente são um misto de política e perdularismo fiscal”.

Ontem, Guedes disse que o país poderia vender parte de suas reservas para reduzir a dívida pública, que tanto preocupa os mercados financeiros. De acordo com Vieira, esse aceno “acende um alerta amarelo sobre a real situação fiscal do país e as agências de classificação de risco soberano já estão cada vez mais de olho, principalmente na formatação de um novo programa de renda mínima, tanto almejado pelo governo”.

Vieira avalia que “as soluções tanto pregadas pelo ministro não avançam, em especial as privatizações, redução dos gastos e tamanho do estado, daí citar as reservas, que representam estoque e não fluxo, traz enorme desconforto”.

Apesar dos problemas em nosso quintal, o fluxo e apetite de investidores estrangeiros por mais risco ainda tem fôlego para ajudar a nossa bolsa. “Essa tendência pode continuar principalmente porque o cenário internacional ainda é favorável, mas sempre lembramos que o lado fiscal brasileiro é extremamente vulnerável e isso pode vir a tona a qualquer momento. O risco Brasil ainda é algo que deve ser levado em consideração no ponto de vista de investimentos”, diz Morelli.

Bolsas internacionais
As bolsas asiáticas fecharam quase todas em alta, com o Nikkei, índice de referência da bolsa de Tóquio, fechando o pregão em queda, na contramão de seus pares, em meio aos temores sobre a pandemia de covid-19. O Nikkei fechou hoje com recuo de 0,42%.

O Kospi, de Seul, subiu 0,24%, impulsionado pelos ganhos das ações de companhias farmacêuticas e de bens de consumo. Em Hong Kong, o Hang Seng fechou em alta de 0,36%.

Na China, o índice Xangai Composto avançou 0,44%, e o Shenzhen Composto subiu 0,60%. Os índices chineses não tiveram um catalisador claro, mas os ganhos foram puxados pela performance das ações das montadoras chinesas, apesar do setor financeiro ter anotado perdas.

Analistas da Central China Securities disseram hoje que esperam que os índices chineses continuem a oscilar em torno dos níveis atuais, dada a falta de um catalisador claro para as ações no país. Eles apontam, porém, que novas medidas de política fiscal voltadas a setores específicos podem gerar oportunidades de investimento.

As bolsas europeias operam em alta, ainda recebendo algum impulso do anúncio de ontem de que as negociações de estímulos fiscais nos EUA serão retomadas. Os ganhos, porém, são limitados pelo anúncio de que o Tesouro dos EUA deixará os programas de crédito emergenciais vencerem.

Agenda
A agenda desta sexta-feira é bastante esvaziada e não traz indicadores econômicos relevantes nem no Brasil nem no exterior.

O principal destaque vem de lá de fora, onde são aguardados novos discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed) sobre suas perspectivas para os rumos da economia dos Estados Unidos.

O presidente da distrital de Richmond do Federal Reserve (Fed), Thomas Barkin, participa de evento sobre os impactos econômicos das mudanças climáticas, às 11h. No mesmo horário, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, discursa. Um pouco depois, às 11h30, Robert Kaplan, da unidade de Dallas do Fed, participa de evento.

Por aqui, o Tesouro Nacional divulga o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas primárias,às 10h.

Empresas
A CSN informou que retomou ontem a operação do alto-forno 2, localizado na usina de Volta Redonda (RJ). O alto-forno havia sido paralisado temporariamente em 29 de maio. Segundo a companhia, o alto-forno 2 tem capacidade nominal de 1,5 milhão de toneladas anuais, e sua retomada visa adequação da produção de aço à demanda do mercado.

A Centauro (Grupo SBF) divulgou comunicado para esclarecimento sobre aumento de capital aprovado por seu conselho de administração no último dia 10 de novembro, conforme requerido pela CVM. Segundo a Centauro, em decorrência do exercício da opção de compra de ações, o capital social da empresa aumentou em R$ 1,14 milhão, para R$ 1,91 bilhão.

O conselho de administração da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) aprovou o pagamento de R$ 820 milhões em dividendos extraordinários, o equivalente a R$ 6,4876 por ação. Os proventos foram recomendados pelo conselho de administração no último dia 29.

A Anima Holding anunciou a aquisição da startup de educação MedRoom, voltada à graduação em Medicina. O acordo de compra e venda foi realizado por meio da subsidiária Brasil Educação e a operação não teve valor revelado.

A Hapvida, operadora de planos de saúde, informou que aprovou o desdobramento da totalidade de suas ações em assembleia geral extraordinária realizada ontem. Para cada ação ordinária, o acionista receberá mais 4 papéis da mesma espécie, ficando, ao final, com 5 ações.

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