Agentes autônomos veem nicho e passam a disputar empresas com bancos - Davos

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Agentes autônomos veem nicho e passam a disputar empresas com bancos

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07 de December de 2020

Com possibilidade de ofertar crédito, escritórios de agentes autônomos devem disputar clientes PJs com bancos.

Por Vinicius Pereira, Suno Research – São Paulo | Reportagem publicada originalmente no Portal Suno Research. Acesse Aqui.

A disputa entre os escritórios de agentes autônomos (AAI) e corretoras ganhou um novo campo de batalha. Se antes, o cliente pessoa física era a cobiça dessas companhias, agora, empresas com dinheiro em caixa ou que utilizam crédito se tornaram um novo foco desses agentes.

A demanda por isso vem crescendo de forma acintosa. De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, a importância das empresas para os escritórios de AAIs (medido pelo volume financeiro) dobrou neste ano.

A taxa básica de juros (Selic) em menor patamar histórico, a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19), que obrigou empresas a represar investimentos, e o fomento do maior player do setor, a XP Investimentos, são apontados como estimuladores desse movimento.

A chegada de empresas nos escritórios também já altera rotinas e adiciona prioridades. Atualmente, algumas empresas já veem até 15% do volume financeiro administrado oriundos de PJs.

“Eu acredito que entre 10% e 15% do nosso volume financeiro seja de empresas. Hoje, nosso maior cliente é um hospital”, disse Rodrigo Marcatti, sócio-fundador da Veedha Investimentos, que iniciou a captação de clientes PJs neste ano.

Na Davos, outro escritório ligado a XP, a chegada de empresas ao portfólio fez com que a companhia criasse um braço dedicado exclusivamente a administração e captação de clientes PJs dentro do escritório.

“A Davos Empresas nasceu tem dois meses, então, na parte de investimentos, nossos três maiores clientes, em volume, são pessoas jurídicas”, afirmou Sergio Martins, sócio e co-responsavel pela Davos Empresas.

Pandemia e XP estimularam novo ramo dos agentes autônomos

A grande demanda (e em ascendência) não nasceu do dia para a noite. Com a Selic a 2% ao ano, os departamentos financeiros das empresas passaram a se esforçar mais para obter um rendimento positivo.

Assim, 2020 já seria um ano em que a tendência de uma empresa contratar um assessor de investimentos se concretizaria. Mas, a pandemia acelerou o movimento.

“Com a incerteza causada, empresas passaram a represar investimentos. Como dinheiro parado, é dinheiro perdido, essas companhias passaram então a procurar a melhor forma de obter um rendimento com o caixa”, disse Carlos Eduardo Pinheiro Corrêa, Head de Produtos da Speed Invest, ligada ao banco Safra.

De acordo com Corrêa, as empresas aumentaram o volume de alocação em, em média, 20% durante a pandemia.

“Nossos clientes PJ que tiveram restrições com o lockdown recente, encontraram no mercado financeiro alternativas para rentabilizar o patrimônio da empresa”, afirmou. Atualmente, os clientes PJ representam 15% da custódia do Speed Invest.

Mercado deve esbarrar em bancos

Mesmo com a pandemia mais próxima do fim, o mercado de atendimento de empresas por agentes autônomos deve continuar aquecido e trazer a disputa entre corretoras e bancos, representada entre as recentes disputas entre Itaú Unibanco (ITUB4) e XP, para esse setor.

Para o BlueTrade, escritório ligado a XP, a demanda ainda é grande e deve gerar novas disputas.

“Você tem R$ 8 trilhões no mercado. 40% é PJ e estava abandonado pois, para você trazer esse cara, é um trabalho recíproco, onde tenho que ter coisas a oferecer também. Esse cara estava no banco pois lá ele tinha crédito, etc. Então, foi por conta disso que aceleramos a abertura de conta jurídica pois agora temos crédito”, disse Wagner Vieira, sócio-fundador da BlueTrade.

A XP passou a ofertar, por meio dos escritórios, linhas de crédito e outros serviços, como emissão de debêntures, por exemplo.

BTG (BPAC11) e Safra, que já tinham bancos estabelecidos, também possuem linhas e proximidade com os clientes, o que pode incomodar os bancos já estabelecidos, que não contam com o atendimento dos AAIs, considerado por especialistas, o diferencial do negócio.

Com isso, além da disputa entre os próprios escritórios de agentes autônomos, a concorrência deve abranger, também, os bancos, que começam a ver clientes (e funcionários de carreira) a abandonarem os postos e migrarem aos escritórios.

“Hoje, tem muito gerente de banco que está indo para qualquer escritório”, disse Vieira. Atualmente, o escritório de agentes autônomos BlueTrade possui cerca de 500 clientes empresas, uma alta de quase 100% ante o ano passado.

 

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